
A reverência é parte fundamental da cultura japonesa, expressa respeito e gratidão e não carrega qualquer sentido religioso ou de "culto aos mortos". ⠀
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Há quem diga que sua religião impede que faça a tradicional reverência japonesa, o "rei", para a foto do Fundador do Aikido, inclinando o tronco e a cabeça em direção ao solo, no início e ao final de cada aula. Cristãos evangélicos e muçulmanos dizem que só se curvam para Deus, ou Allah, e não farão a reverência à foto de Ō Sensei.⠀
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Cada Instrutor pode agir em
seu Dojo como quiser e cada aluno pode escolher treinar onde quiser, também. Certa vez uma aluna visitou um Dojo na Inglaterra onde não havia a foto de Ō Sensei, mas havia outra, da rainha Elizabeth II com seus cachorrinhos da raça Corgi. Ela preferiu não praticar ali.⠀
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Esta semana eu soube de um médico libanes que teve recusado o seu pedido de cidadania alemã por se recusar a apertar a mão da funcionária que lhe entregaria o certificado. O juiz que julgou o caso argumentou que quem rejeita um aperto de mãos devido a uma "concepção fundamentalista de cultura e valores", por ver as mulheres como "um perigo de tentação sexual", estaria rejeitando a integração nas condições de vida alemãs, por tratar-se de um ritual não verbal comum de saudação e despedida, independente do sexo das partes envolvidas. "O aperto de mãos está profundamente arraigado na vida social, cultural e legal, que configura o modo como convivemos". ⠀
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Eu também recuso alunos que não façam o "rei".⠀
Se alguém é tão presunçoso de suas crenças ao ponto de desejar impo-las, não está preparado para uma arte que ensina o respeito ao contrário, a não-resistência e a harmonia dentro do conflito. Ou, como dizemos, o Aikido é para todos, mas nem todos são para o Aikido.⠀
Ran Ichi
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